domingo, 28 de junho de 2009

AS CANÇÕES QUE ELE FEZ PARA NÓS

Para encerrar minhas homenagens a Michael Jackson to postando o texto da colunista Cláudia Cecília publicado hoje na revista “TV Tudo de bom”, do jornal “O Dia”, que eu achei maravilhoso e que traduz exatamente aquilo que todos nós sentíamos e gostaríamos de dizer pra ele. Leia, viaje e se emocione relembrando tudo o que Michael Jackson significou em sua vida.
Texto Maraaaaaaaaaaaavilhoso!

Parabéns pra Cláudia que conseguiu com esse texto expressar tudo o que uma geração viveu e dizer o que todos nós tínhamos vontade. Lindo demais!

“AS CANÇÕES QUE ELE FEZ PARA NÓS
Foi uma sensação muito estranha a que me acometeu na quinta-feira. Lá pelo início da noite, parecia que alguém tinha vindo jogar uma grande pedra sobre a minha adolescência. Tipo ‘olha, enterra isso aí que agora acabou mesmo’.Como assim Michael Jackson morreu? Sem avisar? Sem nos preparar? Quem disse que àquela hora eu e minha geração estávamos prontos para passar nossa vida em revista? Porque foi isso o que nos restou diante da notícia de que o Rei do Pop tinha sucumbido a uma parada cardíaca: projetar aquele filminho rápido na cabeça- como nos desenhos animados- e nos dar conta de como essa criatura marcou uma boa parte de nossa existência. Estão achando que exagerei no drama? Então vai lá, bota ‘Ben’ para tocar, emenda com ‘Don´t Stop Til You Get Enough’ e vê só se eu não tenho razão.
A primeira imagem que decidiu ocupar minha lembrança foi a da minha festa de 15 anos, com quase todos os meus amigos homens de blazer branco e camisa social preta dançando passinhos ao som de’Rock With You’. Uma pena que essa imagem ainda esteja gravada em VHS e o que costumávamos chamar de vídeo cassete já não funciona lá em casa faz tempo, senão eu estaria desde quinta até hoje assistindo a isso sem parar. Devo a Michael Jackson não só a bombação do meu pequeno baile de debutante como, meses depois, foi ele quem embalou o início de um longo namoro. O menino que viria a ser meu namorado tinha o LP ‘Off The Wall’ e foi copiando as letras das músicas do disco dele que começou a rolar um clima. Sim,para quem está me achando um dinossauro, a realidade em 1984 era essa mesmo, não posso negar: disco de vinil e letras copiadas a mão das páginas do álbum- e só os álbuns mais bacanas vinham com letras. Nada de CD, MP3,internet, control C e control V, não tinha nada disso. Mas tinha Michael.
Poucos anos antes, acho que em 82 ou 83, a grande diversão das festinhas da minha turma era o momento em que parávamos tudo para ver três dos nossos amigos ançarem a coreografia de ‘Thriller’. A luz diminuía, a música começava, eles botavam a mão nos joelhos, balançavam os ombros e vinham andando como os monstros do clipe. Acho que eles ensaiavam a semana inteira, horas a fio, porque juro, não é memória afetiva, não, eles eram perfeitos. E agente delirava. Um deles, o mais amigo, acompanhei por muito tempo e ainda tenho notícias freqüentes. Um sumiu e o outro eu revi, muitos anos atrás, naquele ‘Programa Legal’ da Regina Casé: continuava dançando, mas como travesti. É, teve isso, o garoto que dançava ‘Thriller’ e que foi a primeira boca que uma amiga beijou virou travesti. Mas teve Michael, que é o que importa.
É curioso perceber o que ídolos são capazes de fazer com a gente. Michael Jackson viveu dias lamentáveis, vítima de sua insanidade, com aquele comportamento bizarro e atitudes polêmicas. Ficou irreconhecível, faliu, não fez mais nada que prestasse nos últimos anos, mas era como se aquela não fosse a mesma pessoa. Foi perfeitamente possível dissociar a figura estranha do cara que transformou soul e funk em pop e que fez a gente querer dançar, cantar e se vestir igual a ele por uns bons e divertidos anos. Não quero lembrar do sujeito de máscara pendurando um bebê pela janela, porque prefiro ficar com o impacto que foi, num domingo de novembro de 1991, assistir à exibição do clipe de ‘Black or White’ no ‘Fantástico’ e ficar impressionadíssima com aqueles efeitos de computação que faziam a cara de uma pessoa se transformar na de outra. É mais divertido lembrar como penei para aprender a fazer o ‘moonwalk’ e o tempo que passei assistindo a um programa chamado ‘Aprenda Inglês com Música’ só para tirar as letras de ‘Billie Jean’, ‘Music and Me’ e ‘The Girl is Mine’, só para citar algumas.
Entre todos os agradecimentos que o mundo fez a Michael Jackson essa semana, estava o meu mais sincero ‘valeu’.”

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