domingo, 28 de março de 2010

"BBB 10" PROVA QUE BRASILEIRO É MUITO MENOS TOLERANTE DO QUE PENSA


Kalye, leia essa:

Era pra ser um BBB da diversidade, lá dentro da casa. Acabou sendo um BBB da intolerância, aqui fora do programa. Isso a ponto de o paredão mais importante do reality, o de Dicesar contra Dourado, ter sido recebido pelo público com alívio, mais do que qualquer outro sentimento. O fim da pressão, da opressão, dos emails malcriados, dos xingamentos na internet, dos rótulos dados às pressas, das justificativas sem pé nem cabeça, mas que aliviam – “se é diferente de mim, está errado”. Será?

O que vimos nesta edição do Big Brother Brasil é que o brasileiro é menos tolerante com o diferente do que prega ser. Bem menos. O jogo aconteceu aqui fora, muito mais do que lá dentro. E aqui fora, a agressividade deu o tom. A chamada “Máfia Dourada”, a torcida do lutador, encheu o Orkut de Dicesar – e outros lugares “virtuais” de torcedores do maquiador, como Twitter e Formspring – de agressões e ameaças. Ao mesmo tempo, quem torceu para Dourado instantaneamente ganhou dos simpatizantes de Dicesar a pecha nada simpática de homofóbico, nazista, fundamentalista.

Não é difícil imaginar o desgosto com que Dicesar e Dourado vão perceber o circo em que se transformou esta disputa fora do BBB. O maquiador, o primeiro a afirmar que o lutador era homofóbico, disse em um chat, assim que saiu da casa, que “Dourado não é tão homofóbico assim”. Dourado, por sua vez, certamente não vai gostar nada de ver seu nome envolvido em tanta confusão aqui fora, seja por sua própria ética, seja porque realmente vai pegar mal para sua imagem, enfim. A questão é: fugiu ao controle de todo mundo, e virou uma imitação perigosa do que acontece, por exemplo, em dia de decisão no futebol.

Se o Corinthians perde para o São Paulo, por exemplo, o Ronaldo faz o quê? Fica triste, mas vai pro seu apartamento de milhões de dólares ficar com a mulher e depois dormir, porque no dia seguinte tem que treinar. Não vai sair hackeando site, fazendo furdunço em estação de trem, procurando rival pra descontar a frustração. Os torcedores do BBB10, tal qual os torcedores de futebol mais fanáticos, criaram uma identidade temporária que legitima tudo – invadir site de ONG, destilar rancor pelo Twitter, fazer ameaças no Orkut.

A Globo queria que a diversidade saísse do armário, mas não contava com o ingrediente secreto do público: sua própria intolerância. A massa desandou, cresceu demais, virou um monstro. Monstro esse que nem o bonito discurso de Bial conseguiu varrer pra baixo do tapete.

Um comentário:

  1. Bruno, leia e pense:

    Diversidade não é exclusividade nem homossexualidade.

    Diversidade inclui TODOS os tipos de variações possíveis de uma coisa. Muitos inclusive que não imaginamos.

    A riqueza desse bbb tá na participação de cada um, de todos, dos que gostamos, dos que não gostamos, TODOS!

    Além de nossos gostos, a diversidade é premissa da vida.

    Foi como te falei, sei reconhecer coisas boas, qualidades, em Dicesar, em ALEX, em TESSÁLIA, em quase todos ali. Na própria Anamara, ou seja, em qq um.

    Gosto é uma coisa muito particular.

    Fanatismo é uma coisa muito perigosa.

    Não sou douradete nem passei dias a votar por ninguém. Não faço mais isso desde o bbb8.

    Mas as opiniões que tenho sobre os participantes são MINHAS e não tiradas de nenhum jornal ou revista ou site.

    Acima de tudo é essencial termos nossas próprias visões de tudo, independente do que falam.

    A verdade muitas vezes não é o que falam. A verdade pode ser algo que ninguém vê, só vc sente.

    Fica a dica.

    ResponderExcluir